Depoimento: Lucio Prosdócimo Dias, idealizador deste projeto

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Lucio Prosdócimo Dias, dentista em Londrina, PR, idealizador deste projeto

Após alguns meses sentindo-me indisposto, muito cansado, com sudorese noturna, alguns gânglios infartados na região do pescoço (conhecidos como ínguas), no final de dezembro 2005, recebi o meu primeiro diagnóstico de Linfoma Não-Hodgkin.

Sem ter muita noção do que estava acontecendo comigo, tentei esconder da minha família o meu problema. Era uma época muito delicada, na qual todos estão eufóricos com as festas natalinas.

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Esse segredo não durou muito, pois era necessário fazer uma biópsia de medula óssea e sem a presença de pelo menos um parente isso não seria possível. Foi quando tive que me abrir com meus irmãos.

Comecei então a refletir sobre o que estava acontecendo comigo. Não era uma simples gripe, no entanto, a ficha ainda não havia caído. A princípio, tive a boa notícia que minha medula óssea estava limpa, o que significava que não havia a necessidade de transplante naquele momento. Iniciei imediatamente o meu primeiro tratamento. Foram várias e várias sessões de quimioterapia durante todo o ano de 2006.

Após seis anos bem, em maio de 2012, iniciou-se a minha segunda batalha. Em um internamento às pressas, descobri uma recidiva do meu linfoma, dessa vez um câncer bem mais agressivo, tendo como prognóstico a necessidade de um transplante de medula óssea.

Como não foi possível encontrar nenhuma medula compatível, foi feito o autotransplante/autólogo, que é realizado a partir das nossas próprias células, tratadas quimioterapicamente.

A vida só voltou ao normal em fevereiro de 2013. Mas por armadilha do destino, no final desse ano, menos de doze meses do autotransplante, tive mais uma recidiva.

Agora enfrento minha terceira batalha, tendo como única opção de tratamento o transplante alogênico, que é feito a partir da medula de um doador.

DEPOIMENTO_LUCIO_OLHO1O momento que estou vivendo não é nada fácil, porque as coisas não dependem nem de mim, nem dos médicos, e sim da compatibilidade com um doador.

Após duas etapas de quimioterapia, feitas em janeiro e fevereiro de 2014, estamos aguardando uma medula com 100% de compatibilidade.

Depois de tudo que passei e estou passando, gostaria de compartilhar algumas coisas que mudaram em minha vida:

 

-Medos: Quando recebemos um diagnóstico de câncer, o mundo desaba, a vista escurece, as pernas perdem as forças, chora-se muito. Os médicos falam que essa é a fase do “luto”, isso deve ser respeitado, mas não deixe que esse sentimento tome conta de você!!!!

 

- Só você: Em alguns momentos, por mais carinho, amor, ajuda e dedicação que tenhamos daqueles que nos amam, tudo isso parece não ser o suficiente.

Sentir-se assim é normal, pois temos muitos períodos que apenas e somente nós temos que estar ali, privados de uma comida gostosa, dos amigos, do trabalho e do nosso cotidiano.

É só você. A luta é árdua e solitária, mas pensamentos positivos ajudam e muito nestes momentos.

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- Cuidados: Com o tratamento e as sessões de quimio, tudo muda, e radicalmente, ficamos mais fracos, mais susceptíveis a algumas infecções. Em fases mais agudas de baixa imunidade, nada de apertos de mão, nada de beijinhos, nada de ambientes fechados e evite o contato com pessoas gripadas.

- Alimentação: Algumas coisas devem ser mudadas na fase das quimios, porém nada de desespero, como diria meu médico, tudo é uma questão de bom senso. Sabe aqueles lugares que você não frequentava antes de estar doente? Não será agora que frequentará.

Alguns tipos de comidas devem ser evitados: as cruas, as frutas de casca fina, churrasco e oleaginosas a granel. E lembre-se: só você é responsável por suas atitudes, boa alimentação, boa resposta do seu corpo.

- Família: Cuide bem de sua família e de seus amigos, você vai precisar deles. Sozinho fica muito mais difícil vencer essa batalha, porém afaste-se de pessoas negativas, elas lhe levam para baixo. Rir e ser feliz faz muito bem à saúde. Não é porque você tem câncer que precisa ficar cabisbaixo.

-Fé: Independente de sua religião, credo, raça, não deixe de ter fé, é muito importante. Não questione o “porque eu”, não tente procurar uma causa, e sim confie em Deus e na sua cura. Lembre-se mais uma vez, o nosso Deus está acima de tudo.

-Perdão: Pratique o perdão, não sinta raiva por estar passando por isso. Sentimentos negativos só trazem coisas negativas. Querer achar uma resposta não vai te trazer a cura, e sim dúvidas que não fazem bem.

-Doação: Faça parte desse seleto grupo de pessoas que podem salvar vidas.

 

O Projeto 1 Minuto 1 Vida foi idealizado por Lucio, na época em busca de uma medula compatível, para compartilhar informação sobre doação de medula óssea e estimular o cadastramento de doadores.

Lucio Prosdócimo não está mais com a gente, mas sua memória continua inspirando nossa luta para incentivar cada vez mais pessoas a se tornarem doadoras e levarem a esperança que portadores de leucemia, linfoma e outras doenças do sangue e do sistema imune precisam para viver.

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